A Mente, o Coração e a Fé.
Era uma vez um intelectual. Era metódico e organizado. Ele pesquisava coisas, lia muito, ia a congressos e também proferia palestras. Era dono de uma vasta biblioteca e lia muitas horas por dia. Debatia idéias que considerava avançadas com seu grupo de amigos, que também considerava seleto. Orgulhava-se e se envaidecia muito de sua mente e de seu grupo “brilhante”.
Escrevia seus livros grossos e rebuscava o mais que podia em seus jargões, pois com isto criava uma sensação de estar mais elevado e superior ao resto das massas, que considerava uma escória de incautos. Como ele desejava cada vez mais investir em seus atributos mentais, cada vez mais reprimiu suas emoções e sentimentos, acreditando que isto o tornaria mais inteligente e intelectualizado.
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Era uma vez um sentimental. Adorava improvisar e era desorganizado. Ele era afetivo, sensível e exímio poeta. Adora as artes. Ele pesquisava, mas lia muito por prazer e satisfação e até participava de saraus onde recitava suas belas poesias. Era dono de uma vasta biblioteca onde predominavam as poesias, filosofia e belas histórias de ficção, do pensamento e do sentimento humano.
Participava de encontros com outros poetas amigos onde além de demonstrarem suas poesias e teorias, também debatiam filosofia. Orgulhava-se e envaidecia-se de seus sentimentos “elevados” e de seu grupo “brilhante”.
Escrevia longas poesias e rebuscava nos mecanismos da retórica em suas analogias e hipérboles, pois com isto criava uma sensação de estar mais elevado e superior ao resto das massas, que considerava um grupo de “cascas grossas” ou insensíveis. Como ele desejava cada vez mais investir em sua inspiração e intuição, cada vez mais evitou o tecnicismo desenvolvendo até certa preguiça mental.
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Era uma vez um místico. Não era metódico, era desorganizado em geral, mas disciplinado em sua fé. Ele só lia seus livros sagrados e seus tomos esotéricos, só se encontrava e era afável a quem comungava exatamente a mesma crença e linha de pensamento. Não lia nada além de sua crença e não escrevia absolutamente nada. Era muito disciplinado em seus rituais, práticas e sistemas, onde jamais falhava e era fiel aos critérios de suas orações, dogmas e mantras.
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Cada um dos três tipos ressequiu na ignorância de si mesmo. Ressequiram na vaidade, no orgulho e no egoísmo de si mesmos. Cada um vivenciou um tipo de ciência, “doutrina” e um tipo de fé. Cada um negligenciou vários atributos conscienciais que existem para abençoar suas vidas e premiar sua evolução.
Decerto, há vários tipos de intelectualidade, de sentimentos, de emocionalismos, de sistemas e de fé. Mas decerto, cada um é incompleto em si mesmo. Cada um precisa dos demais atributos. O caminho do plano mental (intelectualismo) isolado resseca os sentimentos criando rachaduras na alma, criando uma falsa sensação de poder, que distorce e amplifica a vaidade.
É como uma poderosa ferramenta usada sem critério por gente destreinada. É como uma arma poderosa na mão de quem deveria defender os outros, mas protege apenas a si e seu grupo, isolando-se dos demais numa redoma grupuscular de vidro.
O caminho do sentimental (plano astral, corpo das emoções – afetividade) isolado resseca o discernimento, o juízo, a razão e a visão de conjunto tornando o indivíduo egoísta e quando é o caso, vaidoso de suas obras e de seu grupo.
O caminho da fé sem razão (sem o mental) e sem sentimento (o emocional) torna o indivíduo um verdadeiro incauto e fanático. Não sente empatia com outros e passa longe da razão alimentando a cegueira de sua fé.
Um bom leitor deve ler de tudo – universalismo cultural.
Um bom escritor deve escrever de tudo – universalismo comunicativo.
Um bom espiritualista (místico) deve navegar bem em todas as linhas de pensamento – universalismo puro ou holossomático.
Contemos vários potenciais, vários atributos, várias ferramentas num holossoma complexo, onde nenhuma parte deve ser negligenciada: saúde evolutiva integral.
Procuremos desenvolver bem todos os nossos atributos conscienciais. Uns preferem as poesias, outros os artigos e outros apenas livros sagrados ou rituais. Devem ser respeitados, porém os que desejam tentar os caminhos dos sábios devem abrir a mente, o coração e a “fé” – [ciência / neociência / paraciência]; [filosofia / pensamento / abstração]; [religião / espiritualidade / intuição / metafísica / não-materialismo].
O holossoma é o conjunto de veículos de manifestação da consciência: corpo físico, corpo astral e corpo mental. Devemos aprender a trabalhar com estes três corpos e também com o corpo energético (energossoma ou duplo etérico).
Há quem sinta, mas não pense.
Há quem pense ou seja parapsíquico, mas não sinta.
Há quem crê, mas não pensa e nem sente.
Melhor fazer os três: pensar, sentir e “crer”. E também agir, para que a inércia não nos domine e a ressequidão da alma não nos atinja.